segunda-feira, julho 03, 2006
A fome de ser você entortou os ladrilhos ou serão meus olhos vesgos? Havia água borrada de espuma de sabão na estrada, molhei os sapatos sem dar por mim. Toda vez que viajo me desocupo de ser você, fico inteira nos olhos dos objetos, e se eles têm raios de luz ou sombra me perco, não mais sei. Voltar pra casa é me deixar na janela do ônibus, do carro, do avião, é te reencontrar, sistemático, retornando à rotina, às contas, ao trabalho. Se não sou você nada faço. Eu não existo no caminho, nas cores corretas e vivas dos ladrilhos. Ser você me endireita o tanto espaço entre o que deixei de ser por acidente e o que, não por livre escolha, não voltarei mais a ser.
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