quarta-feira, julho 25, 2012
Zéo: não entendo por que você foi embora tão cedo. Ficou me devendo um vinho do Porto, que tomaríamos numa tarde livre de quarta, eu, você e João, aqui em casa, na varanda, olhando as amendoeiras. Tomo este cálice agora sozinha e leio os últimos escritos que você me enviou por e-mail.
Vá em paz. Sentiremos em excesso a tua doce falta.
Te amo.
[...]
3
E lá estamos: jogados no vazio. Quem nos recordará? De qual desejo fazemos parte? Nem mesmo as solidões se encontram.
4
Suicidiário – um neologismo para nomear o morrer contínuo a nos habitar.
5
Os desvios nos levam ao outro, aquele que nos multiplica e nos faz desaparecer ao dobramos esquinas.
6
As interrogações não trazem respostas. As portas e as janelas não se fecham, nem se abrem.
A inutilidade delas trai toda a paisagem.
7
O que é mesmo uma paisagem?
8
Atravesso de um lado para o outro e de novo atravesso de um lado para o outro e de novo atravesso de um lado para o outro e de novo atravesso de um lado para o outro e de novo atravesso e sou atravessado.
José Luís Franco (1960-2012)
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Grande professor! Se já senti sua falta quando foi transferido da escola imagine agora... Mas todos os momentos com você valeu a pena! Grande mestre!
ResponderExcluircoisa mais linda esse poema! sabemos se o poeta é bom não só pelos poemas, mas pelos poetas que o rodeiam, e os poetas não morrem: atravessam e são atravessados.
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