segunda-feira, maio 18, 2009


Estamos de volta aos
dias moribundos de ca-
lor e outono
onde as folhas gordas
viram e suspiram no si-
lêncio amarelado
onde vimos pela pri-
meira vez o brilho novo
do céu

estamos de volta
atrás de nós as ondas
da memória cercam nos-
sos gestos
o nascimento da tarde
é maior que as limita-
ções sem tempo

estamos de volta e pe-
quenos e sozinhos,
olhos, dores e sonhos
abertos diante do dia

estamos de volta ao mes-
mo lugar enorme e irre-
sistível/ às sombras mo-
ribundas de calor e
outono

Ana Cristina César: Infância

6 comentários:

  1. Poema que poderia ser musicado pela Violeta de Outono

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  2. "lá onde o silencio é relva
    de lá corrói-se hoje o texto
    corrói-se porque hoje o agarra
    o pré-texto que nunca se alheia
    e o antecede em silêncio
    lá onde os signos me esquecem
    separados pré-texto e soneto
    esqueço que os tenho alheios
    à pressa de separá-los
    esqueço que lábios e signos
    sem pressa se fazem relva
    e inscrevo desconhecido
    o último verso desgarrado:"

    26.9.1972 - A.C.C

    publicado em antigos e soltos - poemas e prosa da pasta rosa

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  3. gláucia lemos5:38 PM

    Aplausos para o poema.Poesia verdadeira.

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  4. Anônimo8:34 AM

    onde compro "todos" os seus livros?

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  5. glaucia lemos1:58 AM

    Muito bom este poema. Quando lemos tanta coisa vazia por aí, encontrar um texto com esta fluência poética, dá uma esperança de que a questão seja procurar. Um beijo para a autora.
    Agora notei que já havia deixado um comentário, e estou me repetindo, mas não faz mal, é sinal de reconhecimento da qualidade.

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