seda rasgada justamente onde a seda lilás ficaria,
não podia ser tão abismo e, por isso mesmo,
pontiagudo, pedregulho, arranhento.
Uma vida que se desliza
- marfim, âmbar, amarelo-pêssego -
quase nunca círculo, tampouco linha reta,
uma vida que naturalmente se inventa
- Bandeira, Cecília, Quintana -,
assim no aconchego do dentes
e das coisas derradeiramente precisadas, escolhidas.
Que terminasse de outra forma:
louça partida, cristal em mil pedacinhos, água escorrendo brusca e, lá na frente, ficando intransponível, pardacenta, suja.
Mas não dessa forma: seda esgarçando,
morre-não morre,
lupa aumentando os mil pontinhos do corte,
lupa multiplicando, expandindo.
Não, definitivamente não era possível terminar assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário