sexta-feira, dezembro 16, 2005

Mais poemas

M.o.r.t.e.
I

O amor que não tive tranca as asas pela casa,
asas mortas na sede de vôos que jamais virão.
Chamava-se água-da-vida
- não sei se você se interessa, lembra, sabe -,
chamava-se água-da-vida a cachaça que sufocou o Fernando.
Perceba que longe, tão longe,
alguém se desespera,
rasgando a noite
com pedidos de socorro.
Não se aflija: não sou eu, não é ninguém.
O dia foi quieto, dentro e fora da pele,
o suor dos amores passados extirpado
na espuma do sabão.
Idade morta, mundo parado,
quase não sinto a hemorragia cristalina dessa droga
avançando pela garganta
peito, umbigo, ventre,
disfarçada com sal-&-limão,
arde tão plena,
devastando-me o corpo
que o amor não tocará.
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Lembrete ao Ivã Coelho que me chama de "sem coragem" pra publicar meus poemas. Primeiro: não é uma questão de coragem, publicar é sorte pura, escapa-nos, porque precisa da vontade alheia (editoras) mais do que da nossa; segundo: está no forno da Bahia, patrocínio do Banco Capital, uma antologia com 07 poetas, prevista para o início de 2006, eu farei parte dela com 05 poeminhas. Até lá.

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