sexta-feira, novembro 25, 2005

Quando eu morrer que não me enterrem...



Quando eu morrer, não me enterrem aqui. Em Bom Jesus da Lapa. Por favor. Tenho rinite alérgica. Vou ter problema de pele, com certeza. O sol racha a terra, invade a cova - aqui nem tem crematório!, é barro na cara mesmo - e nos cozinha tudo, por dentro, por fora. Depois de mortos, ainda temos o que proteger. Se é que me entende... Provavelmente, não. Com essa mentalidade de jeca que você tem: ah, não acredito na vida após a morte, Deus não existe, o ser humano é todo perecível e blábláblá, todas essas frases óbvias do Almanaque Completo Da Razão Ocidental. Ô bestage!, meu Deus. Grande merda é sua crença, seu pensar inútil, sua visão rasteira que você gosta de dizer "cética" pra criar clima em torno de ti. Vanitas Vanitatis. Todavia, não se ofenda. Foste o único que amei. Tá vendo como ainda uso a segunda do singular? O único. No universo inteiro de 306 homens, entre meninos, rapazes, coroas e gays. Me proteja, amore mio. Me proteja depois.
Trecho do romance "Longe tão longe".

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Depois de ter sido acusada pelos meus conterrâneos de não falar bem da minha cidade natal, Bom Jesus da Lapa, a cidade das moscas e das muriçocas, estou escrevendo um romance que se passa lá. Mas não falarei mais das moscas e das muriçocas. Nem da secura do rio, nem do calor seco da cidade, nem da poeira sem fim. Falarei dos flamboyants e das borboletas. Das ruas de pedras quietas às 3 da manhã. Isto é, tentarei falar. O romance está em "processo". Veremos o que se consegue com isso.

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